As Donas da Bola

As Donas da Bola*

Funcionárias de secretaria estadual estreitam laços por meio do futebol  

Sempre que possível, algumas servidoras da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese) trocam o figurino de salto alto e roupa social por tênis e roupas de academia. Tudo isso por causa do bate-bola das quintas-feiras, após o trabalho, no Bairro Planalto. Em quadra, elas não fazem feio. Colocam todo o esforço em jogo a fim de fazer o tão almejado e comemorado gol. São 12 mulheres que também sabem suar a camisa, quando o assunto é futebol.

Iara Cristina dos Santos Ferreira, uma das capitãs e responsáveis pela iniciativa, conta que a ideia surgiu em fevereiro de 2015 e com o objetivo de promover interação. O futebol delas não é jogado por disputa ou rivalidade. “A gente vem pra se divertir. Não pra competir”, afirma Tarissa Gomes de Oliveira, uma das participantes. Elas aproveitam o momento para aliviar a rotina e descontrair. “Conhecemos melhor as pessoas fora do ambiente de trabalho”, lembra Jussara Silva Negromonte, outra “jogadora”.

Como acontece em qualquer pelada, as meninas fazem o aquecimento e sorteio dos times. Tem até presença de árbitro, que também é funcionário da Sedese. Renato Teixeira apita todos os jogos e aproveita para ensinar regras e técnicas do esporte. “O meu objetivo aqui é ajudar no aprendizado delas”, enfatiza o intitulado juiz.

Empoderadas Futebol Clube: em quadra, quem bota banca são elas! (Crédito: Iara Ferreira)

A torcida também marca presença no futebol das meninas da Sedese. São mães, maridos, filhos, namorados e amigos que vibram juntamente com as jogadoras a cada gol marcado. Marlene Alves Diniz, que acompanha a filha Cristiane, não se contenta em somente assistir o jogo. Ela incentiva, grita, ri e até xinga o juiz, se precisar. Mas tudo em tom de brincadeira. “É o maior barato! É todo mundo querendo fazer gol. Vira uma festa!”, descreve a torcedora, que também é servidora da Sedese. Além disso, ela garante que não tem um time favorito, pois torce para ambos.

Por vezes, Marlene se arrisca a sair da torcida para ir suar a camisa junto as "atletas". “Só não joguei hoje porque o time já estava completo”, se justifica, em meio a risos. O namorado de uma das integrantes da “pelada”, Arnaldo Zalette, não só gosta como apoia ver a amada em quadra. “Isso aqui é uma brincadeira. Não tem porque se estressar por ganhar ou perder”, avalia.

Fim de jogo: 3 à 1. Iara e suas companheiras, a contragosto, tiveram que erguer o “Troféu Bola Murcha” e ainda verem as adversárias posarem orgulhosamente com o “Troféu Bola Cheia”. Mas na verdade, quem venceu a partida mesmo foi o “bom e velho” espírito esportivo. Por parte de todos, houve diversão, companheirismo e o mais importante: respeito.   


Momento em que a "glória" e a "vergonha" ficam lado a lado (Crédito: Acervo JornaLeo)


*A matéria foi produzida originalmente em julho de 2015, durante o meu período de estágio na Sedese. O texto foi publicado na Intranet da secretaria. Para esta postagem, o conteúdo foi reescrito.








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